No espaço de cinco anos, entre 2022 a 2026, o segmento siderúrgico prevê investimentos na ordem de R$ 52,5 bilhões no Brasil. De acordo com o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, boa parte desses aportes deverá ser destinada a ações para possibilitar o enquadramento das empresas nas metas de mudanças climáticas e em tecnologia.
A previsão foi divulgada pelo dirigente nesta quinta-feira (21), quando também foram apresentados dados sobre o desempenho do setor no primeiro semestre. A produção de aço bruto atingiu 17,4 milhões de toneladas de janeiro a junho de 2022, o que representa uma queda de 2,8% em relação ao mesmo período de 2021. Já as vendas internas caíram 14,6%, totalizando cerca de 10,2 milhões de toneladas contra 12 milhões de toneladas na primeira metade do ano passado. O impacto do desempenho no mercado nacional foi amenizado pelas exportações, que atingiram 6,6 milhões de toneladas, um aumento de 27,6%.
A performance verificada até agora fará com que o Instituto Aço Brasil reveja as suas projeções de fechamento para 2022. Em fevereiro, a entidade tinha feito a estimativa de concluir o ano com um incremento de 2,2% na produção de aço bruto e elevação de 2,5% nas vendas internas. Contudo, Lopes adianta que, provavelmente, os números serão inferiores aos do ano passado. Apesar disso, ele frisa que a base de comparação é elevada, pois 2021 foi considerado como excepcional pelo setor (com produção de 36 milhões de toneladas de aço bruto e vendas internas de 22,3 milhões de toneladas). Mesmo que o resultado de 2022 fique um pouco aquém, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil sustenta que ainda deverá ser apontado como um ano bom para o segmento.
Outro ponto enfatizado por Lopes é que não falta oferta de produtos e sim que há carência de demanda no mercado nacional. Conforme dados do Instituto Aço Brasil, no mês passado, a utilização da capacidade instalada das usinas siderúrgicas nacionais era de 68,4%, ou seja, mais de 30% de ociosidade. O dirigente comenta que foram criadas “narrativas” na mídia indicando que haveria escassez de produtos, o que ele afirma serem incorretas. Lopes rechaça ainda a ideia que o aço seja um dos itens de maior impacto dentro do cenário de inflação do País. Segundo ele, nos últimos dozes meses (até junho), o reflexo inflacionário dos produtos de aço é de apenas de 0,3%, contra 24,1% de alimentos e bebidas e 17,6% de combustíveis, por exemplo.
Questionado sobre o que poderia ter gerado essas afirmações de falta de produto e pressão inflacionária, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil argumenta que “a queda de braço, normalmente, entre fornecedor e cliente faz parte do jogo. O choro é livre”. Atualmente, o parque produtor de aço no País é composto por 31 usinas e a capacidade instalada do setor é para até 51 milhões de toneladas de aço bruto ao ano.
Em 2021, o Brasil foi o 9º maior produtor mundial em ranking liderado pela China, com mais de 1 bilhão de toneladas alcançadas. Lopes detalha que três segmentos representam mais de 80% do consumo de aço no mercado nacional: construção civil (41,2%), automotivo (21,3%) e bens de capital (19,6).